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17) UM DIA DE CADA VEZ
17) UM DIA DE CADA VEZ

Todos aqueles sintomas de amor que referi foram-se dissipando com o tempo, porque afinal amar não é o mesmo que casar e, por vezes, o casamento passa a ser vivido apenas por comodismo.

 A vida comprovou-me isso. Bem, mesmo com tudo isto foi conseguido, mais uma vez, superar todos os obstáculos, alguns com dúvidas, outros com certezas, mas no final sempre com determinação…

o acontece quando se vive no comodismo

Na minha vida, tanto em solteira, como em casada sempre fiz tudo com determinação. No 2001, para minha surpresa e do meu companheiro estava grávida novamente. Tinha engravidado no rescaldo do parto do Lucas. Sim, engravidado não por falta de cuidado na toma diária do pílula, ou no uso do preservativo. Os métodos contraceptivos mais usuais para quem teve um filho recentemente.

 

 

 

pilula e preservativo previne gravidez

A mim pessoalmente a pílula não fazia o efeito desejado, porque era muito fraca para não alterar as características do leite materno. Então usava o preservativo, pensando eu estar protegida, afinal não. Mesmo assim fiquei grávida. Um choque, uma surpresa nada agradável. Como iria fazer com um filho de messes e grávida de outro? E sendo tão nova ainda. Tive tantos medos, receios, dúvidas. Assim cheguei a um consenso com o meu companheiro e tomei uma decisão. Mais uma decisão muito complicada e difícil de ser tomada.

Pensei, repensei e, naquela altura, não vi mais nenhuma solução. Com o apoio do meu companheiro e da minha mãe fiz talvez a maior asneira da minha vida, ou a maior asneira que uma mulher pode fazer na vida. Por minha iniciativa, recorri a um médico particular, da minha terra, e pedi-lhe para me provocar um aborto. Pelas minhas contas estaria grávida de apenas 3 semanas, mas afinal, não. Dentro daquele consultório frio estavam presentes eu, a minha mãe e o meu companheiro. Foi ele que foi comprar à farmácia, mais perto, as injecções que iria levar para abortar do meu filho. Ainda me lembro que chorei momentos antes, porque tinha noção que iria matar uma vida, um ser que nascia dentro de mim.

Mas mesmo tendo noção de tudo isto, fi-lo. Passados os dias de recomendação para o aborto estar concluído, não abortei. Ai chorei sim, de alegria, porque estava muito arrependida do que tinha feito. Ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém, muito menos a um ser que não se pode defender. Recorri ao médico de família e contei tudo o que tinha feito, com as lágrimas a correr pelo rosto. Ele ouviu tudo o que tinha para contar e desabafar, também. Envio-me, logo nesse dia, para o Hospital de Santarém para fazer o exame da amiocentese, ou seja, fazer o exame ao líquido amniótico, analisando parte das células e em laboratório pode-se comprovar se o feto tem algum tipo de lesão. Fiquei a saber que o meu filho, que eu um dia, por desespero, quis matar, estava bem de saúde e já contava com 5 messes de gestação. A partir desse momento essa gravidez foi desejada e o bebé amado. O Lucas iria ter um irmãos e eu o meu segundo filho aos 19 anos.

 o exame da amiocentese

No dia 23 de Dezembro dei entrada no Hospital de Santarém para ter o Leonardo. Outro parto muito complicado. O Leonardo, por falta de assistência, nasceu como nado morto. Chorei tanto de aflição Já não bastava os remorsos que tinha para agora estar a viver aquela situação. Observar o meu filho todo negro, sem o seu primeiro choro. Ver a aflição dos médicos, enfermeiros e auxiliares a tentarem reanimá-lo. E eu ali deitada naquela marquesa. As lágrimas corriam-me pela cara e o meu coração numa revolta e dor impressionantes.

Uma sensação de impotência. Revoltei-me contra mim mesma, porque sempre pensei que tudo o que o meu rico filho estava a passar era culpa minha pelo erro que tinha cometido. Estive sem o meu filho 48h, porque teve de ir a incubadora, ficar ligado a máquinas de oxigénio e fazer vários exames para ver se tinha ficado com sequelas do parto. A incubadora é aquela máquina que consiste numa espécie de berço hermético que mantém uma temperatura constante bem como o oxigénio e humidade, para evitar que o bebé perca calor. Ao ser transparente, pode-se ver perfeitamente o bebé, que se encontra despidinho. A maior desvantagem das incubadoras é que o bebé encontra-se separado da sua mãe, e está provado que o contacto materno é extremamente importante para o seu crescimento e desenvolvimento. Por isso, o ideal é que o pequenino seja alojado numa sala de cuidados intensivos, de maneira que possa ser acariciado e pegado ao colo, sempre com roupa estéril e as mãos devidamente higienizadas.

uma incobadora

Dos Estados Unidos chega a informação de um projecto promovido pela Iniciativa para a Saúde Global, uma parceria sem fins lucrativos de hospitais e faculdades de engenharia de Boston, nos Estados Unidos – dizem que ela pode prevenir milhões de mortes de recém-nascidos nos países em desenvolvimento. Esta informação consiste nas incubadoras feitas a partir de peças de carros, ou seja, Incubadoras para bebés feitas de sucatas de automóveis ou seja, a fonte de calor é um par de faróis. Um alarme de carro sinaliza emergências. Um filtro de ar automotivo e um ventilador oferecem controlo de temperatura. Mas essa concepção não tem relação com transportes. Trata-se de uma incubadora de baixo custo, projectada para manter aquecidos bebés recém-nascidos vulneráveis durante os primeiros dias de vida

incubadoros  feita de restos de veiculos

Ao contrário das incubadoras de alta manutenção encontradas em unidades neonatais de tratamento intensivo, essa é facilmente reparada, pois todas as suas peças operacionais vieram de veículos. A equipe do projecto está buscando apoio institucional para desenvolver um protótipo. Por não depender de produtos ou processos originais, muito provavelmente não será patenteada, apesar do Hospital Geral de Massachusetts e o Design That Matters compartilharem os direitos de propriedade intelectual organismos internacionais de saúde – como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo para a População das Nações Unidas – endossarem a incubadora, ele disse que isso poderia acelerar a adoção do equipamento pelos países em desenvolvimento, mesmo sem o apoio da Food and Drug Administration, dos Estados Unidos.

emblema da Organizaçao Mundial se Saúde

No meu entender de mãe e de quem já teve um filho numa incubadora talvez seja um avanço para a neonatologia este projecto e mais económico para o sistema de saúde. Graças a Deus, ou sei lá que forças acima de nós, ele estava bem. Passado o susto maior, ele e eu viemos para casa para junto do meu menino mais velho e do meu companheiro.

 

o leo com dias

A minha vida continuou sem grandes sobressaltos a partir daí Eles aos nove meses entraram para a creche. Para o infantário onde eu andei um dia.

os meus filhos

Decidi colocá-los lá, porque é uma forma das crianças interagirem, de aprendizagem, ganharem autonomia, aprenderem regras de comportamento, de alimentação e aprenderem desde novos que o apoio não esta só em casa. Desta forma, ao coloca-los no infantário, tão cedo, foi uma forma de os ajudar no processo de socialização, mas custou-me um pouco, porque até essa data eles tinham, estado só comigo.

Resolvi que ainda era muito nova para me dedicar só à família e à casa, aliás não tenho feitio para isso. Sempre me senti muito resumida e ate inútil, apenas no papel de mãe, esposa e dona de casa. Estar todo o dia a lavar loiça, passar a ferro, cozinhar, limpar o pó e tomar conta dos meus filhos, não me preenchia.

só dedicar-me aos filhos e "marido"nao me preenchia

Fazia e faço essas coisas ligadas a vida doméstica, mas, pessoalmente, sentia-me limitada. Estava na altura de avançar, de prosseguir e tentar atingir objectivos. À partida, e com a vida já tinha estruturada, sabia que aqueles sonhos de adolescente ficariam para sempre arrumados numa gaveta, mas ainda podia tentar fazer alguma coisa da minha vida. Como só tinha o 9º incompleto, era como se tivesse só o 6º completo, para efeitos de mercado de trabalho, seguimento de estudos, …

Ou seja, aos olhos do Ministério da Educação só se contabiliza o 6 completo, ou 9.º, ou o 12º. Não tendo estes anos completos, regressa-se atrás e conta-se de 3 em 3 anos. Mas isto não só no nosso pais todos os países da união europeia o fazem…já aqueles que não pertencem a união europeia mesmo tendo o 9º para se tirar a equivalência em um dos países de residência actual regressa-se atrás 3 anos ou seja fica-se com o 6º ano. É o nosso Estado e, mais uma vez, a burocracia.

Tinha eu mais ou menos 20 anos foi-me inscrever no Centro de Emprego em Santarém. Estive algum tempo a espera de colocação laboral até ser chamado para ir frequentar um Curso, pelo Centro de Emprego, com o auxílio e em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Almeirim. Este Curso não implicava acesso a dada equivalência escolar.