12) MINHA ADOLÊSCENCIA
12) MINHA ADOLÊSCENCIA

Aos meus 14 ou 15 anos entrei numa fase muito boa em todos os sentidos. Aquela menina que tinha os cabelos castanhos, olhos grandes e brilhantes, magricela, cheia de vida ou curiosidade vivaz, tornou-se mulher.

 

eu aos 15 anos

Já com o corpo delineado, gostava de usar calças de ganga, tops justos ao corpo, casacos grandes, botas de salto altos e minissaias. Talvez também por essa altura comecei a usar as primeiras pinturas faciais (sombras, lápis para os olhos e batons).

com 15 anos tambem

 

Com esta idade também me apercebi que tinha borbulhas, chamadas de espinhas no rosto, mas nunca dei muita importância a essas borbulhas incómodas. Apareciam mais na altura da menstruação mensal, depois desapareciam. Acho que só uma vez comprei um produto para a aclamar essas “espinhas” mas como não achava jeito andar a gastar a minha mesada nessas coisas fúteis e já não comprei mais. No entanto, tenho conhecimento que muitos jovens ficam psicologicamente afectados com essas “espinhas” e por vezes precisam mesmo de ajuda psicológica, pois este aspecto interfere na sua vida social.

 

 produtos de beleza e higene

 Alguns jovens chegam a deixar de ter uma vida social, trabalhar ou conviver com o grupo de amigos, por vergonha. Apesar de existir uma vasta gama de produtos, como por exemplo da Clerasil, ou sabonetes de limpeza, há jovens que têm de fazer tratamentos intensivos, porque as marcas de pele são profundas. Na minha opinião, os jovens que têm este problema precisam da ajuda de um psicólogo, como também do apoio da família e amigos para minimizar as consequências. Afinal é uma coisa normal na idade dos jovens que com o tempo vão desaparecendo. E não era por isso que não seria... Uma mulher dm e cabelos pela cintura, magrinha, com olhos brilhantes e sorriso contagiante.

Sempre tive uma boa disposição contagiante mas talvez nessa altura é que tenha dado por isso e se tenha acentuado. O meu feitio e maneira de ser também se afirmaram e acabei de o construir. Sim, tenho um feitio que não me permite ver injustiças e o que tenho para disser é logo na cara de quem seja. Não consigo guardar para mim. A isso chamo de hipocrisia. Talvez por isso fiz muitos amigos, tal como inimigos. Muitas vezes por dizer o que penso, muitas pessoas deixam de me falar. Posso dar o exemplo quando trabalhei na Compal disse a uma colega o que pensava dela, quais eram os seus defeitos e ela não gostou e deixou de me falar.

 Também houve outro episódio, este na Segurança Social, fui mal atendida e a senhora não soube tratar da situação em questão e eu disse-lhe o que pensei da sua atitude e a da sua competência e, como era de esperar, acabou em discussão. Foi nessa idade que o meu corpo também se transformou e alguns traços e fisionomia se acentuaram. Fiquei magra, pernas altas e magras e com grandes mas, mas sempre bem-disposta. Nessa altura da minha vida, os meus amigos na brincadeira chamava-me espeta figos, ou pernas de alicate, mas a mim isso não me fez diferença porque tinha a noção que era na brincadeira e não me afectou psicologicamente. Também foi nessa altura que comecei a olhar para a vida de outra forma. Deixei de sonhar e comecei a tentar tornar os sonhos realidade. Comecei a ver que a vida não era tão cor-de-rosa, como pensava na meninice e que a vida é difícil.

a construçao da minha presonalidade

Temos que lutar para ter o que queremos. Talvez com esta idade comecei a ver que as coisas que queremos e desejamos não caem do céu. Por exemplo, se quisesse sair ao fim-de-semana tinha de estudar para os meus pais verem que merecia. Se queria roupa nova tinha de ajudar a minha a mãe na lida de casa. Tinha uma espécie de ordenado, até porque com aquela idade já existia o sentido de responsabilidade.

Foi nessa altura da minha vida que cresci como pessoa e mulher, que construi o meu grupo de amigos, tendo aprendido muito com eles, porque eu sempre tive grandes amigos que não andavam no liceu. Eram bem mais velhos que eu. Com estes amigos aprendi que a vida não é o que desejamos e que, por vezes, temos de trabalhar para termos uma vida mais estável. Eles como trabalhadores incentivavam-me a ir à escola e aproveitar a oportunidade que a vida me estava a dar. Talvez eles me tenham ensinado a ver que estudar não era uma brincadeira e sim a minha profissão. Também aprendi o que era o amor. Olhar para os rapazes e vê-los de outra forma. Aos 15 conheci o meu namorado, que hoje é o meu marido. Aprendi amar e a ter outras responsabilidades nesse sentido. Responsabilidades como: Não sair sozinha, só com o meu namorado; não brincar com outros rapazes, porque devia respeito a outra pessoa e não só a mim; aos Domingos ir a casa dele e conviver com a sua família;

ínicio do meu namoro

Muitos jovens, hoje em dia, usam o termo “ficar”, ou seja, ter um namorado de curto prazo, não ter responsabilidades o que pode ser uma dor de cabeça para os pais.

termo "ficar"

No meu entender o namoro ou a descoberta do amor ajuda no desenvolvimento de um adolescente, produz energia e entusiasmo pela vida, contribui para a formação da personalidade, representa a possibilidade de dar e receber amor, alimenta a auto-estima e contribui para o equilíbrio e bem-estar emocional. Existem estudos que indicam que namorar faz bem ao coração e a outros órgãos do corpo, assim como ao sistema nervosos e ao equilíbrio. Bem o mais engraçado disto é que, na altura, não achava piada começar a namorara em casa e ser vigiada pela minha avo. Sim vigiada, porque ela queria à força que namorasse à moda antiga. Ou seja, ter alguém junto de nós…Não ter-mos qualquer privacidade. Não podia sair à noite, simplesmente, porque ela não deixava e dizia que era uma falta de respeito.

a minha avó

Já o meu pai e mãe não aceitavam nada disso e deram-me ordem para namorar no quarto desde que a porta estivesse aberta. Pelo exposto, vejo como a mentalidade e formas de estar na vida, evoluíram. Sou sincera são duas formas bem diferentes de pensar. Talvez o meu pai me desse alguma liberdade para que eu percebesse que podia confiar nele e estar em casa sem me andar a esconder. Estas atitudes, para a minha avó, já eram uma falta de respeito - como se, na altura dela, não dessem beijos aos namorados antes de casar. Mas ai, era tudo às escondidas, ninguém via. Na altura dos meus avós eram assim, mas não é só ai é que vejo as diferenças. Por exemplo, na cultura cigana muitas raparigas só conhecem o marido no dia do casamento. É combinado entre as famílias. No oriente (certas culturas muçulmanas) as raparigas andam com burcas a tapar todo o rosto. Só os maridos as podem ver e em casa, na rua é uma falta de respeito.

as diferenças do namoro antigamente para hoje

Hoje tudo é diferente mas isso também depende das culturas da sociedade dos princípios éticos e até da evolução dos tempos. Mas apesar de viver em união de facto sei que a Série - A, n.º 109, de 11 de Maio, Lei n.º 7/2001 me oferece a protecção do estado para a minha situação conjugal. E também tenho deveres e direitos. -protecção a habitação. - Beneficiar do regime jurídico de férias, faltas, licenças -aplicação do regime do imposto de rendimento das pessoas singulares nas mesmas condições que os casados. -protecção na eventualidade de morte do beneficiário, pela aplicação do regime geral da segurança social e da lei. -prestação por morte resultante de acidente de trabalho ou doença profissional. - Pensão de preço de sangue e por serviços excepcionais prestados ao país. - o regime fiscal de entrega conjunta de IRS é opcional para as pessoas em união de facto(podem, a sua escolha, entregar a declaração conjunta ou duas separadas). As pessoas casadas (que não estejam “separadas de facto”)são obrigadas a entregar uma declaração em conjunto. -A união de facto não tem obrigações automáticas do casamento civil como a obrigação de apoio responsabilidade pelas dividas contraídas, obrigações de fidelidade, etc. …alguns destes direitos em particularmente obtidos casa recorrendo aos tribunais.

apesar de viver em Uniao de Facto o meu I.R.S. é singular

Mas, naquela altura, pensei que não tinha de ser mãe solteira, que o meu namorado tinha de estar ao meu lado e assumir as responsabilidades de ser pai. E também porque, naquela altura, uma mulher ser mãe solteira era um flagelo e, como eu ouvi disser muitas vezes, uma vergonha. Lembro-me que, quando contei à minha avó paterna que estava grávida ela chorou muito, não de alegria, mas por desgosto, porque para ela era uma vergonha eu estar grávida e não ter casado primeiro. Na altura dela tinha de ser casada para estar grávida e ela foi criada tendo esses valores e princípios por base.

Como eu fazia parte de uma nova geração, ela não gostou muito e achava uma vergonha eu estar grávida. Também me lembrou, e talvez não me vá esquecer de certas situações, tais como a minha avó não querer que eu andasse na rua para as outras pessoas não me verem de barriga, pois não estar casada.

Recordo-me também que quando alguém lhe perguntava por mim, ela dizia

“A minha neta já está casada, casou pelo registo civil.”

Eu sabia que ela mentia por vergonha, ou por medo do que a sociedade iria pensar de mim. É claro que só na cabeça dela, isso era assim. Os tempos eram outros, os pensamentos e a forma de estar e opções de vida também. Estas atitudes da minha avó magoavam-me muito, mas tentou perceber e entender.

 Com a tempo ela habituou-se ao novo ser que eu trazia a crescer dentro de mim e aceitou e amou muito o primeiro bisneto. Para os meus pais foi um choque, é verdade. A minha mãe aceitou muito bem a ideia até, porque ela também estava grávida, de 3 meses, seria um menino. Para o meu pai um choque tremendo…Ele ainda pensava que eu era virgem.

O meu pai que nunca foi pessoa de ir atrás de preconceitos e do que se dizia, que foi criado com uma mente aberta, disposto a falar de tudo, sem tabus….,não aceitou de maneira alguma a minha gravidez.

Até queria que eu fosse fazer um aborto, sem dizer nada ao meu namorado, ou sogros. Queria que eu escondesse o facto de estar grávida, fazia um aborto e ninguém viria a saber deste filho.

Tenho conhecimentos que em Portugal no ano 2007 ainda fizeram-se 20 a 30 mil abortos, por ano. Nos últimos seis anos dez mil portuguesas forma a Espanha abortar. O que leva estas mulheres a abortar é: -razoes sociais. -razoes económicas. -gravidez precoce. -não existe apoio familiar. Mas a nossa lei prevê para quem faz um aborto ilegal vai de 3 a 8 anos de prisão. Na nossa vizinha Espanha a lei do aborto foi despenalizada em 1985 o que veio aumentar os abortos legais para 9º mil casos anuais, mas não é por essa razão que a guarda civil espanhola não continua a fechar clínicas que fazem abortos após as 30 semanas onde a lei espanhola só admite que se faça abortos ate as 12 semanas.

neste gráico os Países que realizam abortos

Organização Mundial de Saúde indicam que haverá cerca de 46 milhões de abortos em todo o mundo, ou seja, 26% das gravidezes terminam em aborto provocado, 26 milhões dos quais em países onde este é legal e 20 milhões onde é ilegal. Os artigos 140º, 141º e 142º do Código Penal proíbem o aborto ilegal.

Com a entrada da nova lei do aborto despenaliza os seguintes casos:

- Malformação do feto ou doença grave: O aborto pode ser realizado até às 24 semanas. No caso de o feto ser inviável não há limite de tempo.

-Perigo de vida ou saúde psíquica para a mãe: Não há limite de prazo se for a única forma de remover perigo de morte ou de grave e irreversível lesão para o corpo ou para a saúde psíquica da mulher grávida.

Até às 16 semanas se, se mostrar indicado para evitar esses perigos, designadamente por razões de natureza económico-social. -Violação: Até às 14 semanas e, no caso de menores de 16 anos ou incapazes por anomalia psíquica, até às 22 semanas. Hoje em dia já se faz abortos em muitos hospitais Portugueses mas a muitos médicos que não os fazem pelas seguintes razoes: -Ética profissional. -P

rincípios pessoais. -Não são a favor do aborto Na Holanda o aborto é livre e existe um barco holandês onde se realiza o aborto medicinal com Mifepristone e Misoprostol.

 

o barco

Este barco já esteve na linha das águas que banha Portugal para auxiliar as mulheres que quisessem fazer um aborto no máximo de higiene, mas o aborto só era realizado ate as 16 semanas com a pílula abortiva

u

ma noticia do jornal "correio da manha " sobre o barco

Na minha opinião pessoal concordo plenamente que os abortos sejam feitos nos hospitais e em clínicas privadas com toda a segurança e higiene possível, e com acompanhamento médico, ouço falar muitas vezes em casos de mulheres que fizeram abortos ilegais sem nenhumas condições de higiene e hoje em dia não podem ter filhos ou ficaram com marcas profundas para o resto da vida.

Ainda tenho, hoje passados quase 9 anos, as palavras dele, gravadas na memória:

“VAIS FAZER UM ABORTO. QUEM MANDA SOU EU!”

Senti um ódio do meu pai naqueles breves momentos e, acreditem, até hoje não o perdoei. Já lhe disse muitas vezes, quando mais precisei de ti foi quando me viraste as costas.

Podem passar anos que forem que eu nunca me irei esquecer disto.

 A minha mãe, naquela altura disse-me: “Perdoa-o porque ela só ta a pensar em ti!” Mas não o irei perdoar nunca.

Tenho esta mágoa comigo até à minha morte.

A partir daquele dia fiz uma jura, nunca mais iria precisar do meu pai para nada! E até hoje tem sido assim. Ele faz a vida dele e eu a minha. Devido a este episódio não consegui mais viver naquela casa, onde morava também a minha avó. Assim, fui para Almeirim morar para casa dos meus sogros. Bem nem digo como foi difícil a minha adaptação: hábitos, horários, forma de estar, … Bem, tudo era diferente do que eu estava habituada.

 Não podia estar a minha vontade em casa porque o meu sogro também estava lá, a roupa era passada a maneira da minha sogra, não podia levar amigos a casa dela não é que ela não gostasse eu é que não me sentia a minha vontade. Para ultrapassar estas diferenças não fiz nada apenas aprendi e habituei-me a conviver com eles. Também tinha o meu companheiro ao meu lado e isso ajudou ao processo

quando vivi com a minha sogra