Na sala fria do Hospital de Almeirim, ao meio da noite, nasci eu. Acabara de nascer a bebé que com o passar dos anos daria lugar à mulher que sou hoje. Nasci de pele muito branca, lábios carnudos e vermelhos, olhos grandes e pretos, cabelos espetados no ar de cor preta e muito gorducha.
uma foto gasta pelo tempo (eu com dias)
Um bebé, um pedaço de gente como se diz na gíria …., que viria transformar tudo e todos. No quarto dos meus pais foi colocada uma pequena cama de ferro cinza, onde dormia o sono calmo e profundo. Sempre fui um bebé muito calmo e sereno. Dormia muito e comia muito bem. Passaram-se messes e fui crescendo, já mostrando a minha personalidade e feitio muito espec
eu com 3 messes
Fiz o meu primeiro aniversário, já nessa altura, contam os meus pais se definiam os meus traços e a irreverência. Aqueles cabelos pretos com que nasci deram lugar a cabelos louros como o raio de sol que rasga o céu, caíam pelos ombros e faziam o género de cachos.
Os olhos brilhantes e cheios de vida. Quem me deu o meu nome próprio foi a minha madrinha (se bem que não sou baptizada), Carina (devido a uma telenovela da altura) Sequeira (da mãe) e caniço (do pai). Era um nome fora do vulgar, mas o meu pai registou-me na mesma.
Sim, O me pai, porque, naquela altura, não era necessário irem os dois progenitores ao Registo Civil para registar um recém-nascido. Nessa altura já tinha tanta vivacidade e curiosidade. Já ao gatinhar era muito mexida, houve um episódio que ela ainda se recorda...
O meu avô tinha uns alguidares com carne de porco no tempero, para depois fazer os chouriços de carne e de sangue, porque, antigamente, essas iguarias alimentares eram feitas em casa, e eu fui gatinhando puxei a toalha e entornei tudo para cima de mim. Como era muito pequena não me deram nenhum estalo...
Aos 13 messes dei os meus primeiros passos, um arrastar de pés, um tentar equilibrar um corpo suspenso na biosfera.
Usando o relato da minha mãe, comecei a andar, porque era uma criança vivaz e tudo o que via queria, tinha uma curiosidade incontrolável. Foi através de uma caixa das cuecas de plástico, daquelas que se punha por cima das fraldas de pano, que eu usava, que comecei a andar.
os meus primeiros passos
A caixa estava no chão e eu já com teimosia e curiosidade, queria a caixa. Como não me deram aventurei-me para a ir buscar, dando dessa forma os primeiros passos. Quando comecei a andar Em chão de terra batida, de cor amarela. A partir desse dia já não dei mais descanso a ninguém. Comecei a andar, a correr, a gatinhar pela casa e a querer apanhar os animais que havia em casa para brincadeira e também pela curiosidade.
Comecei a correr entre as vinhas, entre a horta e a pôr os pés na terra molhada da rega. Tudo era novidade e desconhecido e assim decorreram os meses e anos. Contam que, se havia coisa que eu gostava era de pôr os pés na água da rega da horta, ou da mangueira quando a minha avó regava o jardim...