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18) MAIS UM PASSO A FRENTE
18) MAIS UM PASSO A FRENTE

Com esta situação voltei a procurar trabalho. Comecei a trabalhar na fábrica Compal, em Almeirim. Essa fábrica deu trabalho a muitos moradores das Fazendas de Almeirim e arredores. É o local de trabalho e o garante do sustento para famílias inteiras. Esta fábrica dedica-se ao fabrico, engarrafamento e loteamento de sumos

a parte nova de engarrafamento

O meu primeiro posto na fábrica foi na escolha de tomate, nas linhas de produção. Não era um trabalho estimulante, nem tão pouco fácil de se fazer, até porque trabalhava por turnos e as noites eram o mais difícil de fazer para mim, porque tinha muito, muito sono e a minha cabeça ficava completamente desorientada,sem paciência, sem motivação o corpo caía em quebra bem era um autêntico sacrilégio. Como era um trabalho muito parado os nossos superiores autorizavam que levássemos um MP3 para ouvir música, ou um pequeno rádio para nos distraímos. Eu levava o MP3 com músicas muito fixes que tirava do meu computador para o turno da noite, ou o telemóvel para ir trocando algumas mensagens escritas com o meu “companheiro,” ou amigas, isto quando não havia falta de rede. Não era que não houvesse antenas para isso, mas dentro da fábrica como havia muitas máquinas industriais, faltava a rede. Por vezes, escrevia as mensagens abreviadas ou numa espécie de código “morse” que, muitas vezes, nem eu entendia, tantas eram as siglas, abreviatura e símiles (aqueles bonecos que mostram sorrisos, caras aborrecidas, choronas,). Confesso que utilizo mais de fazer abreviaturas (lol, troll, bue, mor, tb, xi,..) que os símiles.

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os smilles para telémovel

Realmente era um trabalho massacrante, mas era muito bem remunerado. O meu ordenado andava sempre por volta dos 750 euros mensais. No meu ordenado mensal já vinha incluído mensalmente o subsídio refeição, trabalho nocturno e transporte. A empresa VEDIOR pagava todas as regalias do trabalhador mensalmente e não ao fim do contrato de trabalho temporário. Para a segurança social descontava 77, 38 euros e para o I:R:S 27, 98.

um recibo da compal

 

Ou seja, os trabalhadores por conta de outrem pagam o IRS em prestações mensais, através das chamadas retenções na fonte. Todos os meses as empresas retêm um determinado valor a título de IRS, que entregam posteriormente à DGCI. Este montante varia de acordo com o salário, sendo estas percentagens fixadas anualmente pelo Ministério das Finanças. As retenções a efectuar todos os meses resultam, na sua origem, de uma estimativa entre o rendimento bruto dos contribuintes e o rendimento colectável, levando em linha de conta as deduções específicas, as deduções à colecta e os benefícios que a lei atribui. Os meus rendimentos e as retenções da fonte que eu tinha para o IRS Mas em 2008 a nova lei foi revista e publicado o Despacho 2563/2009, em que os escalões do I.R:S foram alterados para 2,5% apesar de em 2008 se ver a subida do preço do consumidor par 2,6%. No quadro seguinte, estão as duas tabelas de IRS (não de retenção de IRS): a que vigorou em 2008 e a que vigorará em 2009. Esta última consta da Lei do Orçamento deste ano, a Lei 64-A/2008.

os escalões e taxas do I.R.S

O nosso Governo está a implantar o novo programa de valor de taxa única no I.R.S de acordo com os trabalhadores da empresa, o número de dependentes e desta forma tentar combater o desemprego e dar mais estabilidade na reforma. O que eu poderei dizer disto do I.R.S e do valor da taxa única, é que pessoalmente não percebo nada disto e sinceramente quanto mais tento perceber menos entende. Ouço falar nisto na televisão e não percebo metade da linguagem que os Deputados usam.

Vou à Internet pesquisar e ainda é pior. No meu entender deveria fazer-se um site com uma linguagem menos política para que a população perceba como proceder nas fianças. Passadas aquelas semanas foi transferida para a fábrica nova que ainda não conhecia, sendo mais um processo de aprendizagem. Nesta parte da fábrica era tudo diferente. Tínhamos de andar com um equipamento cedido pela fábrica: bata, chapéu, botas e luvas, ou seja, com Equipamento de Protecção Individual para evitar acidentes e caso os houvesse estávamos protegidas pelo seguro. Por outro lado, caso a ASAE fizesse uma vistoria, o que era frequente, estava tudo na lei.

Eram muito rigorosos nisso e acho muito bem. Tenho conhecimento que em Portugal muitas fábricas e casa comercias que fecham por falta de condições e protecções exigidas pela lei. Infelizmente tenho noção que, em Portugal, morre muita gente vítima de acidente de trabalho, principalmente, na construção civil. Os motivos para estes acidentes mortais são vários tais como: esmagamento, queda em altura, choque objectos, electrocussão, intoxicação, queda de nível, máquinas agrícolas,… Muito da culpa destes acidentes é das próprias empresas que preferem que os trabalhadores façam o trabalho exigido sem as devidas condições de segurança. Para que se diminuem os acidentes é necessário aplicar estas regras: -

  • A SUSPENSAO DOS TRABALHOS CASO HAJA FALAHAS GRAVES. -notificação para a tomada de medidas de melhoria das condições de trabalho. -aplicação de sanções. -perda de serviços. -perda de reputação. -possíveis processos de tribunais. -queda na produtividade. -falta de motivação dos trabalhadores. -atraso no comprimento dos trabalhos.

Na minha opinião, as empresas deviam pôr em funcionamento as regras de segurança, se eu tenho conhecimento delas, quanto mais os donos das empresas em Portugal. Não me refiro só ao caso das construções civis, mas também a todas aquelas que estejam registadas na segurança social e nas finanças. As medidas a aplicar pelas empresas deveriam ser:

  • -identificarem as potenciais situações de risco. -investirem em medidas de segurança. -adoptarem programas de prevenção. -escutarem as campanhas de sensibilização. Mas no meu entender de trabalhadora por conta de outrem, também cabe ao trabalhador cuidar de si e ter atenção às medidas de segurança tais como: -faça com o seu local de trabalho seja confortável. -ter cuidado e seguir todas as regras de segurança nas actividades mais perigosas. -organize o seu posto de trabalho ou o local, esta atitude previne acidentes. -saiba quais os riscos e cuidados a ter no desenvolvimento da sua função. -participe sempre em cursos ou formações de prevenção a acidente que a sua empresa lhe proporciona. -use sempre os E.P.I.S.

os E.P.I.S

sugira a sua empresa palestra, demonstrações de prevenção para os trabalhadores. Estas são algumas medidas que nos trabalhadores podemos tomar mas bem sei que falar é fácil mas fazer é mais complicado.

Acidentes graves de trabalhos mortais no ano 2007 registam 46 mortos

Os Trabalhadores sejam eles de que áreas forem, estão protegidos pela Lei n.º 100/97 de 13 de Setembro. Os nossos meios de comunicação social divulgam isso. Na minha opinião, é um atentado ao trabalhador. Trabalhar sem condições de higiene e segurança coloca em perigo empregados e o futuro das empresas, porque trabalhadores acidentados são menos produtivos. Nesse sector foi colocada na mota empilhadora. Não fazia nada, nos meus turnos era ,só passear pela fábrica de mota. Diverti-me imenso nos meses que se seguiram. Tinha um grupo de trabalho excelente. Voltei a fazer amizades que ainda hoje guardo e outras mantemos o contacto.

um impilhador muito parecido com aquele que trabalhei

Em todos os postos que mantive na fábrica tive contacto com jovens da minha idade e outras pessoas mais velhas, mas graças a Deus sempre me dei muito bem com todas. Nas últimas messes estava em contacto com pessoas mais velhas que, ainda hoje, quando nos encontramos falamos e conversamos um pouco.

 Posso dizer que sai da fábrica a saber fazer de tudo um pouco - a saber mexer, em quase todas, as máquinas o que considero uma mais-valia já que aprender não ocupa lugar e não sei se amanhã. Se tiver de lá voltar a trabalhar já tenho o saber-fazer.

Vim para casa no dia 7 de Dezembro, no meu dia dos meus anos e já não voltei mais a fábrica. Voltei a ficar desempregada.

 Voltei mais uma vês as lidas domestica, já os meus filho estavam grandes, lindos e brincalhões. Continuavam na escola e o meu marido já não era padeiro, já era Auxiliar de Jardineiro na Câmara Municipal de Almeirim.

 A minha vida sentimental, nessas época, mudou muito. Aquela mulher dócil, divertida, bem-disposta, carinhosa…, transformou-se. Por um erro do meu “companheiro” fiquei uma mulher fria, por vezes, tenho um sorriso frio e calculista. Perdi o entusiasmo no meu casamento, a minha relação esfriou muito…

Deixei de acreditar naqueles que frequentavam a minha casa e que se diziam meus amigos. Fui traída por todos e, mais uma vez, a revolta a raiva, tomou conta de mim. Nessa altura, cheguei a separa-me e tentar uma vida, só eu e os meus filhos.

Mas por insistência dos meus filhos e pelas perguntas:

 “O pai?;” “O pai já não gosta da gente?”, aceitei, de novo, o meu “companheiro,” mas a minha vida não foi, nem será mais a mesma. Aqueles amigos a quem eu sempre abri a porta da minha casa, não voltaram mais, porque eu não admito. Para mim os amigos é alguém em que possamos confiar, alguém que está lá quando precisamos e não apenas quando lhes é conveniente. Desta forma aprendi que, não há amigos há apenas conhecidos. A partir deste episódio, que me marcou muito, também, faço uma vida totalmente diferente, que inclui o meu companheiro o meus filhos e eu.

 Continuava à procura de trabalho, a enviar currículos e cartas de apresentação, feitas por mim no computador. Também fiz várias inscrições em sites de emprego na Internet. Sim, inscrições e consultava o site do IEFP online.

PRACETA ALVES REDOL,22SANTÁREM, TELEFONE.243 30 76 00, FAX, 243 30 76 00

Esta coisa da Internet consegue-nos fazer chegar, onde necessitamos sem ser preciso deslocações da nossa parte. É uma porta aberta para o futuro e como eu fui adquirindo alguns conhecimentos já era fácil para mim ir ao Centro de Emprego, às Finanças, a sites de emprego ou até mesmo a sites de lazer. Podia ir a museus de arte, ouvir músicas, ver filmes, fazer álbum de fotografias digitais,…

Foi através do envio do currículo pela Internet, que consegui colocação no supermercado “Aldin,” em Almeirim. Estive lá quase um mês. Exercia as funções de operadora de caixa.

 

 

 o Aldi

 

 

Foi nesse supermercado que tirei a formação de operadora de caixa. Gostava muito de lá estar, porque era um part-time, e isso dava-me flexibilidade para tomar conta dos meus filhos dar-lhes assistência na escala e fazer as minhas lides de casa. Bem, quando faltava apenas um dia para passar a efectiva, recebi a carta de despedimento. Foi uma surpresa, porque era ficar, mas como o supermercado não atingiu as margem de lucro necessárias e algumas das raparigas tiveram de ser despedidas, e eu fui uma delas.

a carta de despedimento

Com só trabalhei lá um mês, não tive direito o subsídio de desemprego. A lei – Código de Trabalho - no nosso país só permite receber subsídio de desemprego, tendo 90 dias de trabalho com os respectivos descontos. Mais uma vez, com uma frustração e desilusão, voltei para casa, sem objectivos e esperanças

Ia enganando o tempo com os meus bordados, a lida da casa, os meus filhos, a Internet,. Passados alguns meses, já farta de estar em casa, recebi uma convocatória do Centro de Emprego. Sabia que Portugal era um país desorientado, com muita burocracia, as tantas já ninguém se entende mas o que se passou comigo foi e é demais! Ora bem, com a convocatória foi o Centro de Emprego.

A carta dizia: ……”Um POC, de 6 meses, para a Câmara Municipal de Almeirim”……” POC é um Programa Ocupacional para Carenciados e destinava-se a fazer a limpeza das ruas da cidade. Bem, dirigi-me a Câmara e mandar-me para a Escola da Serra, porque viram na minha ficha que tinha o curso e formação especializada para tomar contar dos meninos. Fui então à escola e acertei os pormenores para entrar o serviço no outro dia às 9 da manhã. Voltei para casa radiante com a ideia de que iria exercer a minha profissão, não seria num infantário, mas a mim isso não interessava muito. O que realmente importava era ir trabalhar na minha área.

Bem não me sentia realizada mas foi com esse espírito que fui para a escola. Qual não foi o meu espanto, quando lá cheguei e me informaram que havia uma ordem para eu ir à Câmara Municipal. Então fui. Ora bem, cheguei lá e informaram-me que já tinham uma pessoa para escola e que eu seria colocada no sector de jardinagem e espaços verdes. Barafustei, é claro, como me podiam dizer que, num dia por volta das 15h, estava tudo acertado para ir para a escola e, no outro, dia, às 10h da manhã, já tinham arranjado outra pessoa?

Bem, a muito custo, lá aceitei a mudança, O mais caricato desta situação foi quando me informaram que o meu contrato seria apenas de 2 messes. Ora bem, o meu contracto dizia que seria para um POC de 6 meses. Depois era para ir para uma escola e, no fim, era para limpeza da cidade e apenas por 2 meses.

o recebi de ordenado pelos 2 messes de trabalho

Lá assinei o dito contracto. Comecei a trabalhar ao lado do meu “companheiro.” Já devia estar a trabalhar há, mais ou menos, 3 semanas, quando recebi uma convocatória do Centro de Emprego. Era para ir, novamente, para a Escola da Serra, porque não havia empregadas suficientes. Fiquei tão danada que ainda fui à procura de explicação para essa carta, mas sem efeito. No meu ver e entender dentro da Câmara Municipal e do Centro de Emprego já ninguém se entendia. Ora é papéis para tudo e contactos para cima e para baixo, para no fim de contas já ninguém saber a quem envia as convocatórias.

a camara e o centro de emprego

O mais estranho é ver Assistentes Sociais envolvidas nestes POCs e não cumprirem o que está escrita nas convocatórias, ou seja, mudam a vida das pessoas a seu belo prazer. Parece que, o Centro de Emprego, as Câmaras Municipais, as Assistentes Sociais e os Recursos Humanos apenas lidam com as pessoas para efeitos de estatísticas e não para melhoria da vida privada das pessoas carenciadas, como refere o POC. Bem, contra a minha vontade, lá ia eu, todos os dias, às 8h da manhã para o serviço. Meu Deus, acho que nunca trabalhei tão contrariada na minha vida. Mas lá ia, até, porque tinha de sustentar os meus filhos. No meio deste trabalho enfadonho, para mim, recebi um telefonema que já aguardava há muito. Era a Herdade dos Gagos, mais concretamente do Centro de Formação Agrícola de Almeirim, a fim de me convocar para a selecção de um Curso de Técnicos de Produção Agrícola. Fiquei tão contente tão feliz com a hipótese que tanto queria. Após inscrições entregues na secretaria e outra feita e entregue pela Internet, já estava a ver frutos. Poderia vir a tirar um curso com equivalência ao 12.º ano e Carteira Profissional.

 

o meu contrato para o curso

Vou-me dividindo entre no curso e na minha casa. Estudo para um futuro melhor e para dar alguma estabilidade aos meus filhos e que amo muito, muito. Hoje já tenho 27 anos. O Lucas tem 8 e o Leu 7.

 o lucas e o leo

Neste momento, posso dizer que estou quase realizada só me falta algumas coisas. Com persistência um dia chego o patamar que quero.

 Os meus objectivos para a minha vida são:

  • -tirar o 12º ano. -tirara a carta de condução. -arranjar um trabalho fixo, ou seja, com contrato ou possibilidades de passar a afectiva. -encontrar a estabilidade financeira. -quem sabe estudar para tirar um curso não digo superior mas que me de algumas possibilidades de melhoria de vida. A nível pessoal também tenho alguns: -continuar a dar estabilidade emocional os meus filhos. - Continuar a dar a paz e o amor que eles precisam. -continuar a ser uma mãe presente e atenta aos seus problemas. - Acima de tudo e para eu poder dar isto os meus filhos, preciso encontrar a minha estabilidade emocional e psicológica.
  • Como vou fazer para realizar estes objectivos na parte pessoal é fácil. Basta continuar a ser a mãe que fui até hoje e não desviar dos meus princípios, nem da minha ética de mãe. Quanto à minha estabilidade pessoal talvez seja um campo mais difícil de realizar. Se eu seguir o meu coração e não a minha cabeça, ou deixar de pensar se estão certas ou erradas as minhas atitudes, deixar de questionar tanto o devo ou não devo, deixar de questionar será que devo tomar a atitude, talvez consiga encontrá-la. Mas, na verdade só o tempo e o meu coração dirão se devo alcançar a minha estabilidade ou não.
  • Quanto o meu nível profissional, tudo depende de mim da minha persistência para alcançar os meus objectivos. Sei que competências, tenho algumas: gosto de aprender, de um desafio de aprendizagem, de realizar o que me é proposto,… Penso que tenho as bases para me afirmar no mundo do mercado. Mas também sou sincera não tenho nenhuma profissão que gosta-se de ter. Já trabalhei em tudo um pouco e para mim não é vergonha trabalhar no campo, varrer ruas, trabalhar em cafés, fabricas, restaurantes…

Mas o meu objectivo, neste momento, é tirar o meu curso, apesar de saber que não me vai oferecer qualquer saída de trabalho, mas o 12º já pode me oferecer outro estatuto na procura de trabalho.

eu com 27 anos