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11) O LICEU
11) O LICEU

 Devia ter uns 14 anos quando fui transferida para o liceu. Nessa altura, já estava mais habituada e perdi certos medos, se bem que estava a entrar numa nova escola, com novos amigos, novos horários, novas perspectivas de vida

 

a entarda para o liceu

Posso considerar que foram os melhores anos de vida para mim. Como já referi era bem-disposta e fiz logo um grande grupo de amigos. Formei o meu grupo de amigos - muitos deles não frequentavam a escola - e tive de me adaptar a eles e à sua forma de vida. Estava habituada a estar com os meus amigos quando me apetecia, mas como muitos deles trabalhavam tive de me habituar a só estar com eles à hora de almoço ou à tardinha, porque eles tinham horários que não eram tão flexíveis como eu gostaria. O meu grupo de amigos era enorme. Com eles cresci e aprendi que todos temos objectivos de vida e projectos e vivencias diferentes.

alguns amigos que me acompanham até hoje

Também aprendi com eles o que é viver em comunidade e corresponder as expectativas que depositam em nós. Por exemplo, quando eu ia ter um teste na escola eles esperavam que tirasse boas notas. Não posso negar aquelas amizades com pessoas de idade diferente da minha, muito mais velhas que eu, (já algumas tinham atingido a maioridade, deu-me muitas coisas boas, mas o mesmo tempo mostraram-me o quanto precisava dos estudos para vencer na vida - quando eu queria faltar as aulas eles não deixavam, referiam que eu devia estudar. Quando andava desmotivada com a escola eles mostravam-me que a escola era o meu emprego e diziam, muitas vezes, para me aplicar, talvez por eles terem gostado de estudar mais, mas por várias razões não tiveram essa oportunidade.

 

 

Eles gostavam que eu fosse alguém na escola. Com eles vivi experiências fantásticas. Frequentei, pela primeira vez, um bar, andei de mota, fumei um cigarro, bebi uma cerveja fresquinha,… Íamos todos juntos às festas do liceu que, na altura, se fazia numa discoteca local. Não sei se estas atitudes tiveram algum impacto sobre mim. Só sei que, ainda me lembro disto hoje e penso: “ainda bem que tive estas experiencias com eles, porque eles conheciam-me e sempre tiveram as atitudes correctas comigo.”

 

os meus amigos

E até por eles e pela sua experiencia de vida, também mudei o meu visual. Passei a usar calças mais justas ao corpo, botas altas, cabelo solto e sapatilhas, um tipo de calçado que não era muito usual em mim, passou a fazer parte. Coisas que não esqueço, porque foram novidade para mim. Tenho episódios tão engraçados para contar que são as minhas memórias de adolescência. Foi nesta altura, que comecei a gostar das motas, a gostar de sentir o vento no rosto, a adrenalina

 

 Sair em grupo de moto com os meus amigos e passear, muitas vezes, até a gasolina acabar; fazíamos lanches nos jardins da biblioteca municipal. Levávamos um rádio gravador de pilhas onde tocava músicas de época, fazíamos corridas e muitas brincadeiras deste género. Parecíamos um grupo de miúdos novos..... Se bem que dentro de nós, seja qual for a idade que temos, existe sempre uma criança. Deixar a imaginação continuar a fluir, sonhar com o impossível, rir de coisas insignificantes e continuar a brincar ao longo da nossa vida.

 

o meu gosto por motas

 

Muitos destes momentos estão gravados na minha memória e também em fotografia, porque eu sempre gostei de tirar fotografias aos momentos que são especiais para mim. Naquela altura, ainda não existia máquina fotográficas digitais, ou telemóveis com câmara, então a minha velha máquina de rolo andava quase sempre comigo.

 

uma fotografia de um passeio escolar

Essa máquina era preta e para se usar o flash tinha de pôr pilhas. Tinha um botão para se rodar para se poder tirar a fotografia seguinte. Já era tão velhinha que acabou por deixar de funcionar.

 

uma máquina identica  a minha

 

A DECO ofereceu-me uma máquina fotográfica e de filmar digital - já é mais sofisticada. É toda cinzenta e é só carregar no botão que ela tira as fotos. Nos meus telemóveis tenho câmara fotográfica. É uma vantagem em certas a ocasiões. Por exemplo, para capturar uma situação do momento é bom ter a câmara fotográfica à mão. Mas tem a desvantagem de, por vezes, a imagem ser desfocada e de nos poderem filmar sem o nosso consentimento.

 

 

os telemoveis com máquina otográfica incorporada

Tanto as máquinas digitais como as câmaras de fotografia e vídeo dos telemóveis têm a vantagem de se transferir as fotos para o computador, fazer o armazenamento e desta forma não se gasta dinheiro na revelação das mesmas. Mas eu sou sincera uso as novas tecnologias, mas continuou a preferir as maquinas de rolo, para mim essas fotografias são mais pessoais. Depois de cheio ia por a revelar numa casa de fotografias. Ainda gastei alguns escudos com isso. Sim, escudos, porque era a moeda na altura, pois só em 2002 é que se começou a ver circular no nosso país o Euro, tal como em 12 outros países da EU – os mesmos que aderiram ao Euro.

 

a moeda única "o EURO"

Na minha opinião, essa mudança e os arredondamentos que os comerciantes fizeram e mais as taxas de conversação só vieram atrapalhar, tornar os produtos mais caros e uma vida económica mais destabilizada. Já para não falar nas burlas que os idosos, e não só, sofreram, ou seja, com os poucos esclarecimentos que existiram na altura houve pessoas que se faziam passar por funcionários de Bancos, da Segurança Social,… que abordavam os idosos com intenção de os burlar e roubar-lhes as poupanças de uma vida. Com queixas formalizadas a G.N.R e a P.S.P fizeram sessões de esclarecimento sobre o euro, quanto valia a moeda, a não terem dinheiro em casa e se precisassem de trocar moeda ou notas que fossem o banco. Mas a moeda única não veio só para causar transtornos, também veio para facilita a vida, por exemplo:

 

um conversor do EURO

 

 

Quem viaja muito não necessita de fazer o câmbio da moeda, nos países que têm o Euro como moeda oficial. E que se digam as verdades, se o nosso país não aderir-se a moeda única a nossa situação financeira estava muito pior. O nosso país já estaria na banca rota, porque muitas famílias portuguesas sobrevivem do dinheiro que vem da União Europeia e seriam inúmeros os países que não estabeleceriam relações connosco por termos uma moeda tão fraca. Mas este tema é um pouco abrangente para eu estar a falar nisto, por isso vou voltar às minhas memórias… Mas é claro que, nem tudo era diversão e maluquices de adolescente.

 

 

eu na idade de adolêscente

No meio disto havia a escola, à qual tinha de dedicar toda a minha atenção. Mas como já andava farta da escola, dos professores, da matéria dos horários e da monotonia não dava muita importância. Talvez por, naquela altura, já ter contacto com o exterior pensava que estudar não me era necessário. Dia para dia achava mais monótono ter 8 a 9 disciplinas diárias, com trabalhos de casa ainda por cima. As aulas eram bastante maçadoras. Estar 50 minutos a ler e a escrever era cansativo. Na minha opinião, as aulas podiam ser interactivas. Por exemplo, com a leitura de um livro, podia-se fazer um teatro e, desta forma, aprendíamos o texto – aprendíamos fazendo. Eu lembro-me de faltar muito as aulas para estar com os meus amigos. Não é que não gostasse das aulas, simplesmente, não gostavam de estar trancada na sala, pensava que nada iria aprender nada de novo.

 

mais alguns amigos

A minha relação com os professores era fantástica. Não existia a relação aluno/professor. Quando nos encontrávamos no café, perto da escola, acabávamos por beber café e fumar um cigarro, todos juntos. Quando havia as festas de final de período eles iam e dançavam e divertiam-se connosco.

 

 Por estas razões, sempre me dei muito bem com os meus professores, mas sempre dentro do maior respeito. Hoje em dia, é com tristeza que observo a violência que existe nas escolas. Talvez pela educação que a criança traz de casa, por pensarem que podem ter certas atitudes e, como crianças que são, não sofrerem qualquer punição, ou, simplesmente, porque trazem os problemas familiares de casa para a escola. Muitos destes casos são denunciados e chegam aos tribunais, ou são averiguados pela DRE. Mas também já ouvi falar de agressões professor/aluno, seja agressão verbal, ou emocional, e depois os pais vão a escola e incentivam à violência. No ano 2004 a 2005 as estatísticas apontavam para 1322 casos de violência, em Portugal. No meu ver de cidadã, estas atitudes estão muito incorrectas, porque como nunca vivi ou assisti a nada disto, penso que na base do respeito podemos dizer o que pensamos e não vale a pena partir para a violência, seja ela física, psicológica, ou emocional, tanto de professores a alunos, como vice-versa.

 Mas hoje em dia também existe ou é mais reconhecido a violência entre as próprias crianças. Falo do fenómeno buling, a violência psicológica e, por vezes, físicas que umas crianças infringem a outras. Este acto pode provocar afastamento da comunidade escolar, angustia, raiva e até automutilação.

 

 

o bulling escolar

No entanto, a Ministra da Educação lançou o Projecto «Violência e Escola - Sinalização, Intervenção e Prevenção». Talvez por estas razões Portugal é um dos países que tem os valores mais altos de abandono escolar precoce da UE-15 e UE-27:

 

 Local de residência (NUTS - 2002) Taxa de abandono escolar precoce (Série 1998 - %) por Local de residência (NUTS - 2002) e Sexo Período de referência dos dados 2008 Sexo HM H M % % % Portugal 35,9 43,1 28,4 Continente 35,0 41,9 27,8 Região Autónoma dos Açores 53,9 66,6 40,5 Região Autónoma da Madeira 47,5 57,6 36,9 § Taxa de abandono escolar precoce (Série 1998 - %) por Local de residência (NUTS - 2002) e Sexo - Anual; INE, Inquérito ao Emprego Quadro que apresenta os valores de abandono escolar

 

As causas que levam ao abandono escolar assentam em:

- dificuldades de aprendizagem. -situação económica das famílias destabilizadas. -dificuldade de integração. Para que os nossos jovens não abandonem as escolas os responsáveis devem ter todo a atenção aos problemas que afectam os jovens, sabendo identificá-los e, em conjunto, com os docentes da escola chegarem a resolução dos mesmos, de forma rápida e eficaz. Os pais podem ajudar bastante os filhos, mas no meu entender os professores têm um papel preponderante, porque os nossos jovens passam mais tempo na escola do que em casa.

 

luta contra o abandono escolar

Com os meus colegas de turma era um espectáculo, nos intervalos era uma festa. Por entre os corredores de pilares redondos de chapas de zinco, de cor cinzenta; no bar onde bebíamos café; no refeitório onde almoçávamos; ou ate mesmo no ginásio onde brincamos e riamos muito ou até mesmo  chão de cimento no pátio da escola No meio disto das aulas da brincadeira ou mesmo dos amigos, não sei como entrei para a Associação da Escola. Éramos um grupo de 8 ou 9 pessoas.

Lutávamos pelo interesse público da escola, alunos, professores e auxiliares de educação. Lembro-me de a associação fazer uma manifestação em conjunto com os alunos e professores pela luta de melhoramentos da escola. No entanto, para modificar a política da escola nada resolveu a luta sem frutos porque o Conselho Executivo pensava que eram apenas crianças a tentarem lutar. Mas mostramos que não era assim, e acabamos por fechar os portões verdes da escola, ninguém entrava, ou saía. Assim conseguimos algum benefício para os estudantes, como por exemplo, a colocação de uma aparelhagem que tocava nos intervalos para os alunos. Talvez esta tenha sido a primeira batalha que venci na vida. Até a batalha por uma simples aparelhagem me mostrou que para conseguir o que queria ou desejava tinha de lutar por isso, porque infelizmente as coisas não caem do céu.

 

a associaçao de estudantes hoje em dia

É claro que enquanto pertenci a associação não foi só lutas e batalhas travadas conta um sistema de ensino que via os alunos como cobaias, também me diverti muito ao organizar as festas de final de período, de ano, de finalistas, ou ate mesmo a uma simples vista de estudo. Hoje em dia, cada vez mais, vejo que o associativismo estudantil tem mais objectivos e é visto pela sociedade de outra forma.

 Cada vez mais vejo os estudantes a fazerem manifestações pelas cidades do nosso país, às quais já se juntam pais e professores. Talvez por isto as vozes dos nossos estudantes e suas associações conseguem chegar ao Ministério da Educação. Na minha altura de estudante ficavam só pelos portões trancados, ou cartazes colocados à porta da escola. Os pais ou professores não se envolviam nas manifestações de estudantes.

O associativismo estudantil em Portugal está a ganhar tais dimensões que o IPJ já reconhece o “Registo Nacional do Associativismo Jovem” atribuindo-lhe as siglas de RNAJ em arquivo, de entidades sedeadas em território nacional ou no estrangeiro, bem como de grupos informais sedeados em território nacional continental. Até chega a existir um decreto-lei que protege os nossos jovens Decreto Legislativo Regional n.º 18/2008 de 7 de Julho.

Para que os jovens possam beneficiar dos direitos e apoios previstos pela Lei a tua entidade – caso não tenha personalidade jurídica - deve ser reconhecida (nº 4 e 5, art. 9º da Lei 23/2006; Portaria 1227/2006), pelo Ministério da Tutela e o IPJ publicará os estatutos neste sítio da Internet desde que seja cumprido um conjunto de regras. Número de associações inscritas no RNAJ..

 2003 2003 2004 2004 Ass.Local Ass. Nacional Ass.Local Ass. Nacional Regional Regional Aveiro 93 106 Beja 25 31 Braga 99 116 Bragança 41 52 C. Branco 48 53 Coimbra 145 4 144 2 Évora 38 43 Faro 39 45 Guarda 52 60 Leiria 31 39 Lisboa 102 25 103 20 Portalegre 29 32 Porto 97 3 106 3 Santarém 47 49 Setúbal 27 1 30 1 V.Castelo 62 68 V. Real 33 42 Viseu 100 2 101 2 Especiais 1 2 Total 1.109 35 1.222 28 N.º Total Ass. Existentes 1.144 1.250

 O número de associações inscritos no meu distrito é de 49. Número de associados e associados jovens 2003 2003 2004 2004 Associados Associados Jovens Associados Associados Jovens

Aveiro 25.188 19.900 26.123 21.293 Beja 3.554 2.870 2.225 1.854 Braga 23.117 19.366 23.395 19.575 Bragança 8.406 6.661 8.919 6.935 C. Branco 9.365 7.723 9.704 8.017 Coimbra 25.938 21.583 25.988 21.645 Évora 6.522 5.434 7.067 5.880 Faro 8.688 6.914 9.606 7.765 Guarda 9.161 7.418 9.915 8.048 Leiria 12.740 10.932 12.180 10.527 Lisboa 23.225 20.479 22.648 19.962 Portalegre 3.812 3.242 3.887 3.279 Porto 28.699 24.594 24.412 19.876 Santarém 10.410 8.700 10.492 8.780 Setúbal 3.819 3.437 3.625 3.303 V.Castelo 12.627 10.462 13.303 11.079 V. Real 7.724 6.286 7.866 6.469 Viseu 19.622 15.493 21.945 17.391 Especiais 5.510 4.413 5.356 4.708 Regionais 4.211 3.605 5.477 4.756 Nacionais 161.963 142.669 160.421 138.139 Federações

 

Não posso deixar de referir que no meu Distrito (Santarém) os jovens associados são de 8.780. Os montantes atribuídos as associações locais e regionais no âmbito do programa PAAJ.

Local de residência (NUTS - 2002) Taxa de abandono escolar precoce (Série 1998 - %) por Local de residência (NUTS - 2002) e Sexo Período de referência dos dados 2008 Sexo HM H M % % % Portugal 35,9 43,1 28,4 Continente 35,0 41,9 27,8 Região Autónoma dos Açores 53,9 66,6 40,5 Região Autónoma da Madeira 47,5 57,6 36,9 § Taxa de abandono escolar precoce (Série 1998 - %) por Local de residência (NUTS - 2002) e Sexo - Anual; INE, Inquérito ao Emprego